quinta-feira, 13 de novembro de 2014

No cinquentenário do “reino de ID”


No dia 9 de Novembro de 1964 era publicada a primeira tira da série “The Wizard of ID” ( o Feiticeiro de Id ou, no Brasil, o “mago” de ID).

A série de “Comic strip” foi criada por dois amigos de juventude, Brant Parker, o desenhador, e Johnny Hart, o argumentista.


Brant Parker, nascido em Los Angeles em 26 de Agosto de 1920, combateu na Segunda Guerra e, depois de ser desmobilizado, trabalhou nos estúdios de Walt Disney. Em 1945 parte para Nova Iorque e torna-se cartoonista político no Binghamton Press. Dois anos depois de ter criado o “reino” de ID, cria em 1966 a série Crock, uma série humorística sobre a legião estrangeira, em parceria com Bill Richim e Don Wilder.


Johnny Hart (aliás, John Lewis Hart) nasceu em Nova Iorque em 19 de Fevereiro de 1931, tendo combatido na Coreia, tendo aí iniciado a sua carreira como cartoonista colaborando no semanário da armada norte-americana Stars and Stripes. Desmobilizado em 1953, colabora em vários jornais de Nova Iorque e trabalha no departamento gráfico da General Electric. Em 17 de Fevereiro de 1958 inicia a publicação da série B.C, uma das mais famosas de sempre, passada numa hipotética “idade da pedra”.

Ao criar a série “Feiticeiro de Id”, agora como argumentista, avança um pouco na época histórica, para  uma fictícia,  desconcertante e incongruente “Idade Média”.

Tanto Brant Parker como Johnny Hart receberam vários prémio pelo seu trabalho, não só pelo “Feiticeiro de ID”, mas também pelo conjunto do seu trabalho enquanto cartoonistas e autores de séries de BD, como o prestigiado Reuben Award (Hart em 1968, Parker em 1984), o  Nacional Cartoonist Society Comic Strip Award (Parker em 1971, 1976, 1980, 1982 e 1983), o Elzie Sege Award (Parker em 1986) e Yellow Kid, do Festival italiano de BD de Luca(Hart, 1970).

O nome da série “The Wizard of Id” é uma brincadeira com “O Feiticeiro de Oz”, indo buscar o nome de ID para o reino fictício a um termo freudiano, referente ao instinto primário da mente humana, ao mesmo tempo joga com o diminutivo da palavra Idiota (que se escreve em inglês de forma parecida).

A série é uma sátira à América contemporânea, criando um vasto lote de personagens propositadamente incongruentes com a época “histórica” do reino de ID, como o próprio rei, um tirano convencido, o feiticeiro, algo idiota, que dá nome à série, o sempre fiel cavaleiro Sir Rodney ou o eterno prisioneiro Spook, entre tantas outras.


O humor corrosivo da série teve de enfrentar a senha de vários fundamentalistas das três principais religiões, a judaica, a cristã e a muçulmana.

Em 1997 Brant Parker deixa de desenhar a série, entregue agora aos cuidados do seu filho Jeff Parker. Hart continuou a colaborar na série até á data da sua morte em 2007. Actualmente a série continua a ser editada em milhares de jornais por todo o mundo, sendo criada no John Hart Studios, também responsável pela série B.C.

Em Portugal a série conheceu algum sucesso nos anos 70, sendo editada diariamente, se não estou em erro, no vespertino “A Capital”, nunca tendo conhecido, a não ser em edições brasileiras, qualquer  edição retrospectiva editada em Portugal (menciono este parágrafo de memória, já que não me foi possível confirmar esses dados ).

(As poucas edições da série em português foram publicadas no Brasil)

Por ironia do destino Hart e Parker faleceram com oito dias de diferença, Johnny Hart em 7 de Abril de 2007 e Brant Parker em 15 de Abril desse mesmo ano.



Algumas das referências e tributos aos dois autores, por ocasião da sua morte, podem ser lidos nos seguintes links: 

tributo a John Hart

Recordar Jonh Hart

tributo a Brant Parker

(oito dias antes de falecer, Parker editou um tributo ao seu amigo Hart, entretanto falecido)

Em Baixo também podemos ver alguns dos tributos realizados por outras séries, por ocasião do desaparecimento dos dois autores:









Pessoalmente o Feiticeiro de Id foi sempre uma das minhas séries preferidas, tendo-me influenciado numa pequena aventura pessoal pelo mundo das tirinhas de BD nos anos 80, criando a série do “Rei Minimus” ( a qual conto vir a “reeditar” neste blogue, depois de a ter divulgado num outro blogue da minha autoria, o Pedras Rolantes).


Aqui vos deixo com alguns dos momentos mais significativos da série “The Wizard of ID”:


 Algumas páginas do primeiro "album" da série publicado em 1965:









Uma das mais recentes "tiras" da série, editada ontem, 12 de Novembro de 2014:


As tiras diárias publicadas na imprensa são intercaladas pela página dominical com uma história mais longa:




...e uma pequena selecção de algumas tiras da série disponíveis na net:







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