quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Esboço 03

É hoje inaugurada a 42ª Edição do Festival de BD de Angoulême.

O Festival de BD  Angoulême abre hoje as portas à sua 42ª edição.

Com um programa muito vasto de exposições, colóquios, venda de BD, atribuição de prémios e várias homenagens, (podem seguir AQUI, no seu site oficial, essa programação), o festival vai ser marcado este ano pelos acontecimento de Paris e pelas homenagens ao Charlie Hebdo.

Um dos momentos mais aguardados do festival é o anúncio dos premiado deste ano. Os trabalhos concorrentes podem ser consultados AQUI.

Aconselhamos também que sigam as informações do festival, que decorre até ao próximo domingo, na página da internet do jornal local Sud Ouest, que pode ser consultada AQUI.

Há também pelo menos um blogue português de Banda Desenhada, o JUVEBÊDÊ, que vai estar presente no Festival e que vai trazer reportagens actualizadas sobre aquele que é um dos Festivais de BD mais importantes de entre os que se realizam na Europa, e que também pode ser acompanhado AQUI.

Podem ainda consulta outros posts que colocámos neste nosso blogue sobre o Festival.

42º Festival de BD d'Angoulême – Blake et Mortimer em destaque

Uma das exposições em destaque este ano é a dedicada à série Blake et Mortimer, que se integra bem numa das temáticas em destaque este ano, a Ficção Científica:

42º Festival de BD d'Angoulême – O imaginário de Julio Verne em Imagens


Sendo a Ficção Científica um dos temas em destaque nesta edição do festival de Angoulême, não podia faltar uma homenagem a Júlio Verne, através da forma como o seu imaginário foi reproduzido pelo mundo da imagem:

42º Festival de BD d'Angoulême –A Ficção Científica na Banda Desenhada

É hoje que vai ser inaugurada a 42ª edição do Festival de Banda Desenhada de Angoulême. 

Um dos temas que vai estar em destaque este ano é a forma como a temática da Ficção Científica é tratada na 9ª arte:

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

42º Festival de BD d'Angoulême – Snoopy by Schulz

Nesta edição do festival de Angoulême não vai faltar igualmente a evocação de Charles Schultz e os seus Peanuts, num ano comemorativo para a saudosa série:

42e Festival de la Bande Dessinée d'Angoulême – Exposição "Mafalda, uma criança com 50 Anos".

O 50º anversário de Mafalda também vai ser recordado numa exposição na capital da BD.

42º Festival de BD d'Angoulême –Exposição dedicada a Albert Uderzo.

Em destaque, na edição do Festival de Angoulême, vai estar uma exposição dedicada a Uderzo, um dos pais de Astérix:

42º Festival de BDd'Angoulême


É já amanhã que se inaugura a edição deste ano do Festival de Angoulême.

Vão ser muitos os eventos e as exposições.

Entre estas está a dedicada a Tardi a um dos seus temas preferidos: A Primeira Grande Guerra:

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

42ª edição do Festival de BD de Angoulême : Concurso "Challenge Digital 2015

Sempre atento às novidades, uma das iniciativas mais inovadoras da edição deste ano do Festival de BD de Angoulême vai ser a entrega do Prémio para a melhor obra de BD que usa os meios digitais:

42e Festival de la Bande Dessinée d'Angoulême :Prémio "Liberdade de Expressão", uma homenagem ao Charlie Hebdo


Uma das novidades da edição deste ano do Festival de BD de Angoulême será a atribuição do Prémio Liberdade de Expressão, uma homenagem ao Charlie Hebdo:

42ª edição do " Festival de la Bande Dessinée d'Angoulême" tem início dia 29 de Janeiro.


Tem início na próxima 5ª feira a 42ª edição do Festival de Banda Desenhada de Angoulême.

Ao longo dos próximos dias por aqui vamos divulgar algumas das iniciativas mais marcante que vão ter lugar naquela cidade francesa até ao próximo dia 1 de Fevereiro.

Entretanto podem consultar o programa e seguir as novidades clicando em baixo:

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

o Museu Nacional da Imprensa inaugurou exposição “Charlie-Wolinski”

O Museu Nacional da Imprensa, no Porto, inaugurou no passado Sábado 15 de Janeiro uma exposição intitulada “Charlie-Wolinski”, em homenagem a Georges Wolinski, júri do PortoCartoon desde 2004.

Wolinski foi um dos cartoonistas assassinados no ataque ao jornal "Charlie Hebdo".

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Odemira: 9ª BDTECA - Mostra de Banda Desenhada de Odemira


Entre os meses de janeiro e março de 2015, decorrerá na Biblioteca Municipal José Saramago a 9ª edição da BDTECA - Mostra de Banda Desenhada de Odemira, numa iniciativa promovida pelo Município de Odemira e Sopa dos Artistas – Associação Local de Artistas Plásticos.

A iniciativa tem por objetivo divulgar este género artístico entre o público juvenil e adulto, estimular a criatividade e afirmar Odemira como um dos principais centros de desenvolvimento da Banda Desenhada na região e no país. A BDTECA inclui a promoção de um Concurso de Banda Desenhada, exposições, ateliês e mostras documentais.

O Concurso de Banda Desenhada marca o início das actividades da 9ª BDTECA. O prazo para entrega de trabalhos decorre até ao dia 20 de fevereiro, sendo dirigido a maiores de 16 anos.

O concurso tem como prémios 500 euros para o 1º classificado, 250 euros para o 2º e 125 euros para o 3º lugar. O tema é livre e os trabalhos devem ser apresentados em folhas de formato A3, com o máximo de 4 pranchas originais inéditas e em língua portuguesa.


Podem ler mais AQUI

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Robert Crumb presta homenagem ao Charlie Hebdo, "mostrando" o "Cu" do "profeta"

Robert Crumb, o pai do gato Fritz , um dos mais importantes autores da Banda Desenhada norte-americana e um dos mais importantes expoentes do movimento underground que marcou as décadas de 60 e 70, prestou homenagem aos seus amigos do Charlie Hebdo através de um cartoon provocador, publicado no jornal Libération.

A propósito desse cartoon e dos massacres de Paris, Crumb deu uma entrevista ao Observer que pode ser lida em baixo:



quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Charlie-Hebdo, uma história politicamente incorrecta


Charlie-Hebdo apareceu pela primeira vez nos quiosques em 23 de Novembro de 1970, herdando a equipa e a irreverência do L’Hebdo Hara-Kiri, “journal bête e méchant”, revista que foi proibida pelo poder político francês.

Hebdo Hara-Kiri foi uma publicação que surgiu, em 3 de Fevereiro de 1969, como resultado da irreverência do Maio de 1968 e como “apêndice” mensal da revista Hara-Kiri Mensuel, fundada em Setembro de 1960, com origem na equipa de uma revista satírica underground, ”Cordées”.

O Hara Kiri mensal publicou-se  até 1985, tendo conhecido mais três séries efémeras, uma entre 1986 e 1987, outra em 1988 e uma terceira em 1996 que durou até o início do século XXI, mas apenas com texto .

A edição mensal desse título , fundado por François Cavanna e Georges Bernier ( “professor Choron”), vendia-se quase à socapa, e foi a génese do espírito irreverente que veio a marcar mais tarde o Charlie-Hebdo, já que foi no Hara-Kiri que começaram a colaborar cartoonistas e desenhadores de BD como Reiser, Fred, Gébé, Wolinski, Cabu, Siné e outros.

Foi portanto o L’Hebdo Hara-Kiri que foi o antepassado directo do Charlie Hebdo.

A última edição desse semanário, o nº 94 de 16 de Novembro de 1970, levou à interdição do semanário por causa da forma irónica como se referia à morte do general De Gaulle : “Bal Tragique A Colombey – 1 Mort”, uma comparação sarcástica entre o número de mortos no incêndio de um  baile (“bal”) , onde morreram dezenas de pessoas, acontecimento que teve lugar na mesma semana da morte do general, e o local onde De Gaulle foi sepultado, ironia que não agradou à censura francesa.


(o último número do L'Hebdo Hara-Kiri)

Encerrado o título, a equipa “mudou-se” de armas e bagagens para um novo título, publicado na semana seguinte, o Charlie-Hebdo, que foi buscar o título, não tanto à revista mensal com esse título, mas ao diminutivo pelo qual era conhecido o General CHARLES De Gaulle.


(nº1 do Charlie Hebdo - o título marca o tom irónico de ter nascido de um acto de censura)

Reiser, Cabu, Wolinski, Siné e Gébé, entre outros, celebrizaram a revista com os seus cartoon’s e pranchas de BD de um humor ácido e malcriado, ao qual não escapava ninguém, do mundo da política, da cultura, do desporto e da religião, sendo por isso alvo de vários processos judiciais, censura e perseguições políticas.



(a única vez em que a situação portuguesa foi tema de capa do Charlie Hebdo. Vivia-se em plena revolução de Abril)

A partir de 1980 começou a perder o seu fulgor inicial e entrou em decadência, procurando novos caminhos para se salvar, incluindo a mudança de nome, “La Semaine de Charlie” durante 10 edições, regressando às origens como L’hebdo Hara-Kiri (durante 23 números), acabando por se finar, nesta sua primeira série, em 11 de Fevereiro de 1981, após 581 edições.

Em paralelo, em parte para poderem sobreviver financeiramente, os autores desta primeira série tiveram de colaborar em revista mais “sérias” , como no seu homónimo Charlie Mensuel (1969-1981), que chegou a ser dirigida por Wolinski durante grande parte da sua existência e que conciliava a edição de autores clássicos com a divulgação da BD underground. (Esta revista conheceu uma segunda série entre 1982 e 1986, sob a direcção criativa de Nikita Mandryka e Philippe Mellot e a direcção editorial de Claude Moliterni).

Outro recurso financeiro para a sobrevivência dos cartoonistas do Charlie-Hebdo  foi a sua colaboração na a revista “Pilote”, que, aliás, se acabaria por fundir com o Charlie-Mensuel em 1986 com o novo título Pilote et Charlie.

Em 1 de Julho de 1992, 11 anos depois de ter desaparecido das bancas, o Charlie-Hebdo voltou sob a direcção de Philippe Val, Gébé, Cabu e Renaud, muito menos iconoclasta e mais conformista, seguindo muitas vezes a linha da agenda política de uma “nova” esquerda dita "liberal ".

Esta segunda série seria marcada pelos confrontos entre Phillipe Val e o resto da equipa oriunda da primeira série.

Val estava mais interessado em agradar ao poder político e à esquerda instalada, e esse confronto atingiu o seu auge com o “caso Siné”(clicar para ler notícia) em 2008.


(uma capa sugestiva sobre o "caso Siné")

Na edição de Julho de 2008, no seu nº 837, o Charlie-Hebdo publicou uma crónica de Siné, um dos mais famosos cartoonistas da publicação (autor da célebre bandeira portuguesa dividida), onde este denunciava com ironia o oportunismo político do filho de Sarkozy, Jean, que, para se casar com uma rica herdeira de uma das famílias judias mais influentes de França, se converteu ao judaísmo, rematando a sua crónica com um “il fera le chemin de la vie, ce petit”.

Val, que tinha contas antigas a ajustar com Siné, e querendo agradar ao poder político e judicial, bem como a loby judeu, despediu o cartoonista. Siné teve o apoio de vários dos históricos do Charlie Hebdo, como Charb, Plantu, Willem, Tignous, Picha, Tardi, Honoré, Cavanne e outros.

Um outro autor do semanário, Michel Poloc, foi igualmente vitimas do “censor” Val .
(cartoon alusivo ao caso Siné)

Saindo, Siné acabou por fundar a revista humorística “SinéHebdo”, actualmente “Siné Mensuel”, que herdou o espírito original do Charlie-Hebdo.









Val saiu finalmente do Charlie Hebdo em 2010 e o semanário, sob a direcção de Charb, um dos cartoonistas agora assassinado, reencontrou o seu espírito irreverente original, embora ainda não se tenha livrado da imagem de ser um jornal irreverente com as religiões islâmica e cristã, mas ainda reverente e cuidadoso com  a religião judaica.




(uma capa falsa do Charlie Hebdo que critica o modo como o semanário poupa a religião judaica, comparativamente com o tratamento dado à religião islâmica e ao cristianismo, situação que só se alterou com a saida de Val da direcção da revista)

Com  morte de cinco dos seus mais carismáticos cartoonistas, Charb, Cabu, Wolinski, Tignous e Honoré, espera-se o inicio de uma nova etapa na já longa história deste jornal de referência no humor, no cartoon e na Banda desenhada.

Aliás, será curioso imaginar o que estes pensariam do oportunismo e do cinismo de muitos politicos que estiveram presente na homenagem em Paris. Alguns desses políticos e aquilo que eles representam nada tem a haver com o espírito dos cartoonistas assassinados e, muitos dos lideres presentes continuam a não respeitar a liberdade de expressão nos seus próprios países.

Longa vida ao Charlie Hebdo!


UMA PEQUENA MOSTRA DA IRREVERÊNCIA DE CHARLIE HEBDO ATRAVÉS DAS SUAS CAPAS (sem ordem cronológica):