segunda-feira, 23 de março de 2015

Corttinelli Telmo, pioneiro da BD portuguesa, com exposição biográfica no Padrão dos Descobeimentos


Está a decorrer até 6 de Abril , no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, uma exposição dedicada à vida e obra de Corttinelli Telmo (mais informações  AQUI e uma pequena biografia de Corttinelli Telmo  AQUI.Outros dados biográficos AQUI).

José Ângelo Corttinelli Telmo ficou mais conhecido como cineasta (foi o realizador de A Canção de Lisboa em 1935) e com o mais conhecido arquitecto do Estado Novo ( foi o responsável pela arquitectura da Exposição do Mundo Português em 1940, da qual resultou o próprio Padrão dos Descobrimentos).

Menos conhecida, a não ser pelos que se interessam pelo tema, foi o seu papel como pioneiro da Banda Desenhada portuguesa.

Nascido em Lisboa em 13 de Novembro de 1897, apenas com 12 anos ficou em terceiro lugar num concurso infantil de caricatura organizado pelo suplemento humorístico do jornal "O Século".

Em 1920 começa a editar na revista ilustrada ABC aquela que é considerada a terceira série de banda desenhada portuguesa, "As Aventuras Extraordinárias do Pirilau que vendia Balões". ( as duas primeiras foram O Gafanhoto (1903-1910) de Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro, filho de Rafael, e "O Quim e o Manecas" ( 1915-1918) de Stuart de Carvalhais). 

(a primeira série de BD Portuguesa de Manuel Bordalo Pinheiro)


(a segunda série de BD portuguesa de Stuart de Carvalhais)



(a série criada por Corttinelli Telmo, a terceira série da BD portuguesa, com a capa de uma edição d homenagem)

Dessa ligação à revista ABC nasceria uma das primeiras revistas de Banda Desenhada da Europa, o ABCzinho, fundada em 15 de Outubro de 1921. Corttinelli Telmo dirigiu a revista até ao seu nº 201 da 2ª série, editado em 11 de Novembro de 1929. A revista acabou a sua publicação em 26 de Setembro de 1932.

Continuou a publicar cartoon´s e caricaturas em vários jornais e revistas portuguesas (Diário de Lisboa, Ilustração Portuguesa, Notícias ilustrado...)  até à sua morte acidental em 18 de Setembro de 1948, no mar de Cascais.

A exposição no Padrão dos Descobrimentos pode ser assim uma oportunidade para recordar este pioneiro da BD portuguesa.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Mafalda, uma cinquentona em Torres Vedras

Na sequência das comemorações do 50º aniversário de Mafalda, a conhecida criação do artista argentino Quino, o Bar Quebra Costas, em Torres Vedras, apresenta a exposição comemorativa que esteve no último Festival de BD da Amadora.

Esta pode ser vista nos próximos meses durante o horário de funcionamento daquele bar, todas as noites de 6ª feira e Sábado.

Mafalda surgiu como uma tira publicitária para uma marca argentina de electródomésticos que acabou por não se realizar, dando então origem a uma tira humorística num jornal argentino.

É Quino que explica o nascimento da série:

“Adaptei a história. A menina eu chamei de Mafalda e já que não tinha  que elogiar as virtudes de ninguém, a fiz contestatária e resmungona"”,

As tiras de Mafalda foram publicadas pela primeira vez em 29 de setembro de 1964, no jornal Primera Plana de Buenos Aires.

A personagem também marcou presença no jornal El Mundo e na revista Siete Días Ilustrados, além de ter sido traduzida para mais de 25 países, incluindo Rússia, Polônia e Noruega.

Podem ler mais sobre Quino e a Mafalda no blog Clube da Mafalda  AQUI ou so site oficial do cartoonista  AQUI .

(a primeira tira de Mafalda, publicada em 29 de Setembro de 1964)

segunda-feira, 9 de março de 2015

A história de Roma Antiga na Banda Desenhada

dBD é uma revista mensal que se dedica ao estudo e divulgação da Banda Desenhada, dando especial destaque à Banda Desenhada franco-belga.

A sua edição "normal" já vai no número 91.

Além desta, aquela revista, que se pode encontrar à venda em vários quiosques portugueses, tem vindo a publicar vários números temáticos fora de série,contando já com 13 edições.

A última destas edições, editada em Fevereiro, é dedicada à temática da História da Roma Antiga na Banda Desenhada.

Os vários artigos partem de várias temáticas relacionadas com Roma, analisando a forma como têm sido tratadas na BD, cruzando a investigação histórica com a história da 9ª arte.

De entre essas temáticas destacamos: "Roma de ontem e hoje";  "A Roma antiga visto pelas Mangas [japonesas]e pelos Comics [norte-americanos]"; "Roma ardeu? - o grande incêndio de 64".

Este número inclui ainda várias entrevistas com autores de BD que se têm dedicado à temática da Roma antiga na sua obra, destacando ainda a obra Alix de Jacues Martin, entrevistando os autores que retomaram e continuaram a obra deste grande nome da BD franco-belga falecido em 2010.

Esta é uma edição que vai agradar muito aos amantes da BD de qualidade e também a todos aqueles que gostam de temas históricos.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Por um punhado de imagens: Novela Gráfica: quando a Arte Sequencial se transforma em Literatura Desenhada por José Miguel Lameiras

No dia em que o jornal Público edita o segundo título da colecção "Novelas Gráficas", a obra "A Louca do Sacré- Coeur, de Moebius e Jodorowsky, aqui deixamos um interessante ensaio da autoria de José Miguel Lameiras, ontem publicado nas páginas daquele jornal e transcrito no blogue deste jornalista especializado em Banda Desenhada:

quarta-feira, 4 de março de 2015

CHARLIE HEBDO – o regresso à “normalidade”

No regresso à "normalidade", Charlie Hebdo também se interroga sobre a sua identidade, após os atentados.





Falecido recentemente, Amadeu Ferreira, um dos maiores cultores da língua mirandesa, usou a Banda Desenhada para a divulgar.

Faleceu nos finais de Fevereiro Amadeu Ferreira, nascido em 29 de Junho de 1950 e que foi um dos maiores divulgadores do mirandês.

Poeta, escritor e jurista, foi o responsável pela tradução para aquela língua regional portuguesa de várias obras literárias e de banda desenhada.

A sua tradução de álbuns do Astérix para aquela língua foi uma das mais conhecidas.

Mas, com a colaboração de José Ruy, autor português de Banda Desenhada, traduziu também alguns álbuns deste autor para mirandês, tendo este, por sua vez, criado um álbum sobre a história do mirandês.

Em memória daquele divulgador, aqui deixamos as capas de alguns desses albuns:








Morreu Amadeu Ferreira, um dos maiores divulgadores da língua mirandesa(clicar para ler).

segunda-feira, 2 de março de 2015

A obra gráfica de Will Eisner UM CONTRATO COM DEUS deu início a uma nova colecção de Banda Desenhada iniciada na passada semana pelo jornal "Público", dedicada à chamada "Novela Gráfica".

William Erwin Eisner nasceu no Brooklyn, em Nova Iorque, em 6 de Março de 1917, tendo  falecido em e de  Janeiro de  2005.

Filho de judeus saidos do antigo Império Austro-húngaro, Eisner foi um dos mais originais e criativos autores da banda desenhada norte-americana.

Começou a colabora numa revista escolar, do Institut DeWitt Clinton,onde estudou desenho e artes gráficas, no Bronx, tendo aí iniciado a sua colaboração com Bob Kane, que ficou conhecido como criador da série Batman.

Com mais de 70 anos de carreira, criador de várias séries e como criador de várias publicações de Banda Desenhada, Will Eisner ficou especialmente conhecido pela criação da série "The Spirit", o famoso detective mascarado, criado em 2 de Junho de 1940, série que muito contribui para alicerçar a BD ao estatuto de arte adulta e maior.



Com homenagem à importância da sua obra a industria do comic criou em 1988 o Prémio Will Eisner, mais conhecido por "Eisners", o mais importante prémio a que qualquer autor da BD norte-americana espera almejar.

Um dos maiores contributos para tornar a BD uma arte levada a sério foi a criação do género chamado  de "Novela Gráfica", com a edição de "Um Contrato com Deus", que reuniu 4 histórias que retratam a vida num prédio do Bronx nos anos 30.



No prefácio à reedição daquela obra em 2000, Eisner esboça uma caracterização da "novela gráfica":
"Ao contar estas histórias, tentei seguir uma regra de realismo que exige que a caricatura ou o exagero aceitem as limitações da realidade. Para conseguir atingir uma sensação de dimensão, pus de parte duas restrições básicas que tantas vezes inibe este meio - o espaço e o formato. Por isso, cada uma das histórias foi contada sem ter em conta o espaço, e cada uma delas pode desenvolver o seu próprio formato; ou seja , evoluir a partir da narração .(...) Por exemplo, em muitos caos deixei que uma página inteira se transforme em painel. O texto e os balões ficam interligados com a arte. Vejo-os a todos como fios de um tecido único e exploro-os como uma linguagem".

Foi exactamente com a edição desta histórica novela gráfica que o jornal "Público" iniciou na passada semana uma nova colecção dedicada à BD, neste caso à chamada "Novela Gráfica".

"Um Contrato com Deus" reine quatro histórias que têm em comum o facto de se desenrolarem no nº 55 da Avenida Dropsie, no Bronx da sua infância: "Um Contrato com Deus"(que dá título à obra); "O Cantor de Rua"; "O Zelador"; e Cookalein".

Segundo o autor, todas essas histórias baseiam-se na "corrente infindável de acontecimentos tão típicos da vida na cidade", algumas verdadeiras e outras que "poderiam ser verdadeiras":

"Neste livro, tentei criar uma narrativa que trata de temas íntimos. Nestas quatro histórias, passadas no edifico de apartamentos, tentei recorrer às memórias que tenho das minhas experiências e das dos meus contemporâneos. Tentei contar como era aquele canto da América, que ainda precisa de ser revisitado".

Por coincidência ou não, está a decorrer esta semana nos Estados Unidos, até 7 de Março, o Will Eisner Week, dedicada à Novela Gráfica.



A página oficial da obra de Will Eisner AQUI.

A próxima edição do jornal Público dedicada à novela gráfica, vai ser a edição, na próxima 5ª feira, de "A Louca do Sacré-Coeur"  de Jodorowsky & Moebius, dois dos nomes mais importantes da BD franco-belga.