quarta-feira, 19 de julho de 2017

50 anos depois, Corto Maltese continua vivo

Foi em 10 de Julho de 1967 que surgiu, pela primeira vez, nas páginas da revista italiana “Sgt.Kirk”, o “marinheiro e aventureiro “ Corto Maltese, criado por Hugo Pratt (ver AQUI site oficial da série).

Essa primeira aventura intitulou-se “Balada do Mar Salgado”, uma longa saga de 165 páginas.

Começava assim a história de uma das mais icónicas personagens da Banda Desenhada, “nascido” em malta em “10 de Julho de 1887”, “filho” de uma cigana andaluz e de um marinheiro inglês de passagem por Gibraltar.



São diversas as aventuras desse mítico marinheiro, “passadas” no início do século XX, percorrendo quase todo o mundo e encontrando personagens inventadas por Pratt e outras reais (do jovem Stalin, ao maior “adversário” de Corto Maltese , o louco Rasputine, do Barão Vermelho, a Jack London a Hemingway ou Joyce…).

Até 1992 muitas dessas aventuras foram publicadas em revista de BD, como o  Pif-Gadget ,  em Linus ou Corriere dei Piccoli,  e no  jornal Le Matin.

Muitas dessas histórias foram reunidas em vários álbuns, o primeiro dos quais publicado em 1971, e, de entre os quais, se destacaram títulos como “Os Célticos” (1971), “Os Etiópicos” (1972), “Corto Maltese na Sibéria”(1974), “Fábula de Veneza” (1977)  entre muitos outros.

O último álbum da autoria de Hugo Pratt foi “Mû”, de 1992, passado na Ilha da Páscoa, numa busca pela mítica Atlântida.




Em Portugal a série foi publicada pela primeira vez na revista “TinTin” em 1975.


Nascido em 15 de Julho de 1927, passaram agora 90 anos, numa terra de praia perto de Rimini, Hugo Pratt entrou no universo da Banda Desenhada em colaboração com Mario Faustinelli e  Alberto Ongaro, dois membros da resistência antifascista em Itália, libertados em 1945, com quem criou uma editora de Banda Desenhada, para a qual Pratt começou a desenhar. O seu primeiro trabalho foi “Ray e Roy”, de 1946. Nunca mais parou de trabalhar.

Em 1949 foi trabalhar para a Argentina e em 1952 criou o seu primeiro êxito, o personagem de Sargento Kirk, viajando depois pelo mundo para participar em diversos projectos editorias, passando pela Inglaterra, pelos Estados Unidos e pelo Brasil, regressando, a meio da década de 60 à Itália para participar na revista “Corriere dei Piccoli” e no lançamento da revista “Sgt.Kirk”, onde surge a primeira página da “Balada do Mar Salgado” e “nasce” Corto Maltese, continuando a participar em muitos outros projectos, como “Um Verão Indiano” (1983) e “O Gaucho” (1991) em colaboração com Milos Manara, outro dos grandes autores da Banda Desenhada (o “fumeto”) italiana, conhecido pelo universo erótico da sua obra.

Pratt faleceu em Lousanne em 20 de Agosto de 1995.

Foi preciso esperar mais de vinte anos para, em Setembro de 2015, a série “Corto Maltese” voltar a renascer, agora desenhada Ruben Pellejero e com argumento por Juan Díaz Canales , espanhois de Badalona, cidade vizinha de Barcelona. Esta nova aventura intitulou-se “Sob o Sol da Meia Noite”, tendo por cenário o Pólo Norte, durante a Primeira Guerra.



O regresso da série gerou alguma controvérsia, principalmente em Itália, pelo facto dos autores serem espanhóis, mas o próprio Hugo Pratt tinha deixado em aberto a hipótese da série ser retomada após a sua morte.

Agora, por ocasião do 50º aniversário da série e do 90º aniversário do nascimento de Pratt, anuncia-se pera 27 de Setembro a edição em álbum de uma nova aventura, que tem por tema a juventude de Corto Maltese, mais exactamente o período entre 1905 e 1915, um período de hiato nas aventuras daquele personagem e se vai passar na África Equatorial, intitulando-se “Equatoria”.



A revista francesa “Le Figaro Magazine” começou a publicar a série na sua edição de 8 de Julho, mesma edição onde publica uma entrevista como os dois autores espanhóis.
Neste ano comemorativo do autor e da série, aguarda-se com expectativa o regresso do marinheiro-aventureiro.




Deixamos também AQUI a crónica que Francisco Louçã publica hoje nas páginas do jornal Público.


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