quinta-feira, 11 de julho de 2019

Benjamin Rabier em Portugal


Benjamin Rabier, conhecido ilustrador francês e um dos pioneiro da Banda Desenhada francesa tem uma exposição a decorrer em Lisboa, no Museu Bordalo Pinheiro até 15 de Setembro

Benjamin Rabier nasceu na pequena localidade francesa de La Roche-sur-Yon, em 30 de Dezembro de 1864.

Apenas com 15 anos recebeu o Prémio de Desenho da Cidade de Paris, mas, de origem modesta, foi obrigado a interromper os seus estudos para trabalhar.

Foi empregado bancário, desenhador de ilustrações militares, perceptor nos Halles e até dançarino acrobático no Novo Circo de Paris.

Começou a trabalhar profissionalmente como ilustrador em 1889 na revista Le Gil Blas Illustré, editada pelo conhecido Caran d’Ache.

Trabalhou depois em várias revistas como ilustrador e autor de algumas das primeiras bandas desenhadas francesas: La Caricature (1895); Le Pêle-Mêle; L’Illustré National (1898-1914); Le Bom Vivant (1899-1910); La Jeunesse Illustrée (1903-1919); Le Jeudi de la Janesse (1904-1914) e Fantasio (1906-1907).






Foi na “Le Pêle-Mêle” que começou o tipo de ilustração que o tornou famoso, o uso de animais como personagens principais das suas histórias desenhadas, dando inicio a uma tradição na BD franco-belga de usar figuras de animais.

Rabier publicou o seu primeiro álbum de desenhos animais em 1895, Jeannot sans Peur, dedicando-se exclusivamente na edição de livros para a infância a partir de 1906, ano em que ilustrou uma edição das Fàbulas de La Fontaine.



Em 1907 fundou a revista Histoire Comique et naturelle des animaux, que teve uma edição de 31 números.

Durante a Primeira Guerra, perante a crise da edição de livros infantis, associou-se a Emile Cohl, pioneiro do cinema de animação e começa a dedicar-se ao este género cinematográfico.

Quando a guerra acabou, separou-se de Cohl e iniciou a sua própria produção, inventando um novo sistema de produzir filmes de animação.

Entre 1923 e 1930 dedica-se a escrever peças de teatro para o vaudeville, no Bataclan e no Dejazet de Paris.

Em 1923 criou a sua mais importante personagem de BD, o pato Gédéon, animal “inteligente” e emancipado, editando 16 albuns com essa personagem até 1939.



Trabalhou também em publicidade, tendo sido o autor da célebre “Vaca que Ri” que ilustra os produtos de uma conhecida marca de queijos.

Rabier é justamente cognominado como o “La Fontaine da Banda Desenhada”, pioneiro da chamada Banda Desenhada Animalista, que influenciou vários autores como  Edmond Calvo (1892-1957), autor de La Bête est mort, com argumento de Victor Dancette, publicado depois da libertação, que conta a História da 2ª Guerra tendo como personagens animais humanizados, ou como Raymond Macherot (1924-2008), autor de “Clorofila” (em 1954) ou, na actualidade, a série Blacksad, criada em França  em 2000 por dois autores espanhóis, Juan Dias Canales (escritor) e Juanjo Guarnido (desenhador), isto apenas para falar em dois dos casos mais conhecidos do uso de animais como fábulas da vida humana em BD.









Benjamin Rabier faleceu  em 1939.

Ora, foi este Benjamin Rabier que o escritor português Aquilino Ribeiro (1885-1963) conheceu em Paris e convidou para ilustrar o seu Romance da Raposa (1924), a partir de fábulas que escreveu para o seu filho mais velho.


A principal personagem dessas fábulas é  a Raposa Salta-Pocinhas, também adaptada a uma série de cinema de animação que passou na televisão portuguesa.

Essa série de animação foi produzida pela Topfilme, o primeiro estúdio de animação criado em Portugal em 1973, por Artur Correia e Ricardo Neto.

A série de animação baseada na obra de Aquilino foi exibida na RTP entre 22 de Outubro de 1988 e 14 de Janeiro de 1989, com adaptação de Marcello de Moraes e diálogos de Maria Alberta Menéres, sendo adaptada à Banda Desenhada em 2009, por Artur Correia (1932-2018) e editado pela Bertrand.



A obra de Aquilino foi editada inicialmente para editora Aillaud, editora francesa que então pertencia Bertrand e que, em 1924, aproveitando a estadia de Aquilino em Paris, o pôs em contacto com aquele ilustrador.

Os desenhos de Rabier para esse livro pertencem ao espólio dos descendentes do escritor e podem agora ser vistos na exposição do Museu Bordalo Pinheiro, no topo norte do Campo Grande, a seguir à Lusíada, até 15 de Setembro.

Aqui deixamos algumas imagens dessa exposição, oportunidade única para se poder apreciar o traço daquele famoso pioneiro da Banda Desenhada francesa e europeia.


























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