É já nesta semana , no próximo dia 20 de Janeiro, que a Gradiva vai
publicar o álbum de Banda Desenhada “Os Doze de Inglaterra”, de Eduardo Teixeira
Coelho (ETC).
Essa banda desenhada foi originalmente publicada nas páginas do “Mosquito”
entre 1950 e 1951 e teve como argumentista Raul Correia, baseando-se numa
novela de António Campos Junior intitulada “Ala dos Namorados”, mas esta
história medieval “já antes tinha sido contada na literatura portuguesa,
nomeadamente em "Os Lusíadas", de Luís Vaz de Camões”.
Uma década depois da morte de ETC (falecido em 2005), esta edição em álbum
é dirigida por outro histórico da BD portuguesa, José Ruy.
Na introdução desta edição José Ruy diz que estamos “perante uma das
melhores histórias de cavalaria contadas em quadradinhos", explicando que
para a edição em livro foram feitas reproduções a partir de provas impressas na
época.
Segundo a LUSA, que cita José Ruy, no “álbum agora editado pela Gradiva
manteve-se a característica da cor de fundo adoptada pelo jornal, que se
sobrepunha ao traço preto e que nas edições originais de cada prancha saía
semanalmente com tons diferentes”.
Refere ainda a Lusa que, com “esta edição, a Gradiva associa-se ainda
aos 80 anos da revista O Mosquito, uma das populares publicações dedicadas à
banda desenhada na primeira metade do século XX e cujo primeiro número saiu a
14 de janeiro de 1936 (…)”.
“Esta é a história de doze cavaleiros portugueses, entre os quais D.
Álvaro Gonçalves Coutinho, o "Magriço", que seguem para Inglaterra
para enfrentar outros tantos cavaleiros ingleses e defender a honra de doze
damas inglesas acusadas por estes de falta de virtude.
"Na transposição do romance para quadradinhos, Eduardo Teixeira
Coelho aplicou todo o seu talento, estilo e rigor, dando expressão às
descrições do romancista com o seu traço estilizado, acentuando o movimento e a
força das situações dramáticas da narrativa de Campos Júnior", sublinhou
José Ruy.
“Com um estilo clássico e realista, Eduardo Teixeira Coelho é
considerado uma das figuras maiores da banda desenhada portuguesa e um dos que
melhor se apropriou de narrativas de pendor histórico.
“Já em Itália, onde se fixou e morreu em 2005, Eduardo Teixeira Coelho
especializou-se na pesquisa e ilustração sobre armas brancas e armaduras”.
Refere ainda a Lusa que, a propósito dessa edição , no passado Sábado
dia 16 Eduardo Teixeira Coelho foi homenageado pelo Clube Português de Banda
Desenhada, na Amadora, na instalações do antigo Centro Nacional de Banda
Desenhada e Imagem.
Nascido nos Açores em 4 de Janeiro de 1919, Eduardo Teixeira Coelho
veio para Lisboa com 11 anos e cedo começou a publicar os seus trabalhos no Sempre Fixe a partir de 16 de Abril de
1936, ao mesmo tempo que trabalhava na
publicidade e na ilustração, actividade que manteve até 1943, ano em que entrou
para a revista “O Mosquito”.
Nesta revista, colaborando com o argumentista Raul Correia, tornou-se
uma das suas imagens de referência, explorando temas como a história ou o
fantástico.
Quando “O Mosquito” encerrou, em 1953, encontrou-se no desemprego. Esta
situação e descontente com a situação que se vivia em Portugal, emigrou, trabalhando
em Espanha, na Inglaterra e acabando por se fixar em França. Aqui colaborou
nalgumas das mais importantes revistas da BD francesa, como “Vaillant” ou “Pif
Gadget”, usando o pseudónimo de Martin Siévre.
Criou um vasto lote de personagens de BD, como Rgnar o Viking
(1955-1960), Yves le Loup(1960-1961) ou Ayak, Le loup Blanc (1979-1984), entre
tantas outras.
No início da década de 70 mudou-se para Itália, tendo aí recebido em
1973 o Prémio Yellow Kid para o melhor desenhador estrangeiro, prémio atribuído por aquele que
era então o mais importante festival de BD da Europa, o Salão Internacional de
Lucca.
Nos anos seguintes foi alvo de várias homenagens em Portugal, acabando
por falecer em 31 de Maio de 2005 na cidade italiana de Florença , onde vivia.
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