terça-feira, 21 de março de 2023

LOURI BD – 1º Festival de BD da Lourinhã.


Conforme tínhamos anunciado, decorreu durante a passada semana, entre 11 e 19 de Março, o 1º Festival de BD da Lourinhã.

O tema principal deste festival foi o 10º aniversário da editora “Escorpião Azul”, uma editora sediada na Lourinhã mas que é já uma marca prestigiada na edição de Banda Desenhada.

Uma editora que corre riscos, editando autores portugueses, muitos em inicio de carreira, outros pouco conhecidos, poucos a fazer da 9ª arte uma profissão, ou editando autores estrangeiros geralmente pouco conhecidos, mas talentosos e criativos.

Durante a semana realizaram-se vários Workshops com vários autores convidados, debates, lançamento de livros, sessões de autógrafos e exposições.

Uma iniciativa que teve bastante impacto foi a dos concertos ilustrados.

No que respeita às exposições, estas tiveram por base a divulgação de originais e de métodos de trabalho dos principais autores editados pela “Escorpião Azul”, mas também apresentar trabalhos elaborados nas escolas da região.

Em relação aos debates, tivemos oportunidade a assistir aos que se realizaram no último dia, moderados por Rui Alves de Sousa, jornalista que mantém na Antena 1 uma rara rubrica radiofónica dedicada à divulgação da Banda Desenhada, “Pranchas e Balões”.

No passado domingo tivemos oportunidade de visitar o espaço das exposição e assitir a alguna debates, o primeiro com Paulo J. Mendes autor, entre outras obras de “Elviro”, trabalho a que contamos voltar com algum destaque em próxima ocasião, o segundo com António Rocha, jovem autor de “Um Trovão no Caminho e outras histórias” e, finalmente e a encerrar, um debate com os responsáveis pela editora “Escorpião Azul”.

Dessa vivita divulgamos aqui algumas imagens que recolhemos durante essa nossa deslocação ao evento.

Para o ano há mais daquele que é o mais recente Festival Português de Banda Desenhada.




















DEBATE COM PAULO J.MENDES E O LIVRO "ELVIRO":





                                                  


DEBATE COM ANTÓNO ROCHA






                                                   

                                                   

DEBATE COM OS RESPONSÁVEIS PELA EDITORA "ESCORPIÃO AZUL"



                                        

                                        

sexta-feira, 17 de março de 2023

ESPANHA - Hoje É Dia Nacional da Banda Desenhada

                                     
Em Espanha, a Banda Desenhada é assunto sério.

Hoje celebra-se pela primeira vez o Dia Nacional do "Tebeo" (ver mais AQUI)

quarta-feira, 8 de março de 2023

EXPOSIÇÃO BIBLIOGRÁFICA: AS MULHERES NA BD - na Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha


"
Durante o mês de março, estará patente na Biblioteca Municipal uma exposição bibliográfica de banda desenhada dedicada a autoras portuguesas e estrangeiras. Assim, como também BD's onde a mulher é a personagem principal da aventura, desde heroínas a mulheres à beira de um ataque de nervos!
Visite-nos!"
Horário da Biblioteca Municipal:
2.ª feira e sábado - 13h30 às 19h00
Restantes dias úteis: 10h00 às 18h00
A exposição encerra em 31 de Março.

sexta-feira, 3 de março de 2023

No tempo dos Fanzines (de Banda Desenhada)


Foi nos finais dos anos 60, início dos anos 70 do século passado que o termo “fanzine” se tornou conhecido, apesar de muitos indicarem a origem desse tipo de publicações nos anos 20/30, principalmente no mundo anglo-saxónico, muito ligadas à divulgação da ficção científica.

A designação de “Fanzine” é uma referência a publicações amadoras, impressas de forma rudimentar, que se expandiram muito nas décadas de 60 e 70 do século XX graças ao aparecimento de novas técnicas da impressão, como o stencil electrónico, permitindo edições baratas e rápidas.

Os “fanzines” dedicam-se à divulgação de textos e obras de “Fãs” da cultura alternativa, a banda desenhada, a ficção científica ou a música popular.

Editavam-se de forma irregular, com uma tiragem limitada, distribuidos à margem dos circuitos comerciais, sem registo legal e no mais variado tipo de suporte.

O termo fanzine é uma combinação de “fã” (ou “fanático”) com “magazine” (publicação em “revista”). O Dicionário de Língua portuguesa da Academia de Ciências define “fanzine” como uma “revista editada por amadores sobre temas que lhes são caros” (pág.1692 do 1º volume, ed.Verbo, 2001).

Nos Estados Unidos a expansão desse tipo de publicações está muito ligada ao movimento underground e contestatário dos anos 60, com temáticas ligadas à divulgação da música rock alternativa, mas também ao chamado movimento dos “comix”, onde se destacaram nomes como Robert Crumb, entre muitos outros, uma forma de fugir à censura e ao domínio das grandes agências comerciais.

Na Europa esse movimento vai estar muito ligado à afirmação da Banda Desenhada como arte, combatendo preconceitos sobre a 9ª arte e permitindo divulgar novos autores à margem do circuito comercial, dominado pelas grandes editoras e revistas tradicionais. Foi o que aconteceu com a aparecimento de Giff-Wiff em França, em 1962, ligado ao “Le Club de Bande Dessinée”, criando nesse ano, para defender as qualidades artísticas dessa arte, ao qual estavam ligados nomes como Francis Lacassin, Alain Resnais, Jean-Claude Forest e outros, tendo publicado vários números até 1967. Giff-Wiff é considerado o primeiro “fanzine” de BD, pelo menos no espaço “franco-belga”.

Seguiram-se outras publicações do mesmo tipo. Em França tivemos Phénix (1966 a 1977), Ran Tan Plan (1966-1978), Alfred (1969-1974), Schtroumpf- Les cahiers de la BD (1969-1990, seguindo-se uma curta série entre 2004 e 2005 e regressando como revista de grande qualidade em 2017, continuando a publicar-se trimestralmente nos nossos dias),   Falatoff (1971-1977),  Haga (1972-1986), Submarine (1972-1975), Hop (1972 e ainda em publicação recentemente), Zounds (1972-1975), este dando origem ao fanzine Valkis (1973), Sphinzine (1973) e Zigomar (1973); na Bélgica tivemos Buck (1971-1974), Robidule (1971), Skblllz (1972-1979), BD’70 (1973); na Suíça de língua francesa tivemos Krukuk (1971-1973) e Copyright (1972-1974; em Espanha destacamos Cyborg (1970-1973)  e Comic camp, Comic in (1972-1976),  e isto para falar apenas nos pioneiros. Muitos desses títulos começaram como fanzines, quanto ao tipo de edição e impressão, e transformaram-se em revistas de grande qualidade.

O movimento libertário e contestatário do Maio de 1968 deu um forte contributo para a expansão desta forma de cultura alternativa.

Em Portugal deve-se a Vasco Granja, nas suas crónicas nas páginas da revista TinTin, publicada em Portugal desde 1968, a divulgação do movimento dos fanzines.

Foi assim que muitos entusiastas pela Banda Desenhada, muitos deles jovens à procura de um espaço para divulgarem os seus trabalhos e outros interessados em escrever textos de divulgação sobre o seu passatempo preferido, a leitura de Banda Desenhada, se decidiram a começar a editar os primeiros fanzines portugueses.

Um conjunto de factores que se cruzaram nesse período facilitaram o nascimento dos primeiros fanzines em Portugal, o que aconteceu em 1972.

Para além do efeito da edição portuguesa da revista TinTin, esse foi o período da chamada “Primavera marcelista”, que levou a algum abrandamento da censura, da massificação das escolas secundárias, os antigos Liceus, que tiveram de aumentar os seus recursos tipográficos, para a feituras dos testes e de materiais de apoio, incluindo as “modernas” máquinas de impressão a stencil, principalmente o chamado stencil electrónico, que tornavam muito mais fácil produzir matrizes com ilustrações.

Tornou-se assim mais fácil editar fanzines, dando continuidade também a uma tradição de edição de rudimentares jornais escolares.

Embora alguns apontem como  primeiro “fanzine” português a edição de  “O Melro” em 1944, da autoria e José Garcês, um único exemplar que o autor alugava a quem o quisesse ler, o primeiro fanzine português, integrado nos novos tempos dos anos 70  foi o Argon, editado em Janeiro de 1972 por alunos do liceu Gil Vicente, em Lisboa, com a publicação de BD original, tendo editado 4 números até 1974.

Seguiu-se a edição de Saga, pelo ABC cineclube de Lisboa, movimento que conhecia então um novo alento, também devido à “abertura marcelista”, fanzine esse de caracter mais teórico, do qual se editaram 2 números.

O terceiro fanzine português foi o Quadrinhos, saído em Abril desse ano na Damaia, dirigido por Vasco Granja, informativo  e teórico, e do qual se publicaram 9 números até 1974.

Em Lourenço Marques (actual Maputo) surgiu o fanzine Orion, editando 9 números até 1974.

José de Matos-Cruz foi responsável pela edição, no Verão de 1972, do fanzine Copra, com uma qualidade gráfica acima da média, editando, ao longo das suas 4 edições, artigos de grande qualidade e uma excelente série Wanya da autoria de dois futuros autores consagrados da BD portuguesa, Augusto Mota e Nelson Dias.

Na Moita surgiu, também nesse ano, o fanzine Ploc!, que editou 3 números até 1974, editando BD original e textos teóricos.

Entre Dezembro de 1972 e Março de 1973 editaram-se dois números do fanzine Yellow Kid, dos Amigos da Banda Desenhada da Amadora, com textos teóricos de grande qualidade.

O 8º fanzine editado em Portugal e o primeiro de 1973 foi o nosso Impulso, “fabricado” no Liceu de Torres Vedras, editando 5 números ao longo desse ano, com originais da autoria de jovens autores, textos informativos e teóricos, onde colaboraram figuras como José de Matos-Cruz, Carlos Pessoa, Jorge Guerra e Jorge Magalhães, para além de ter publicado uma rara entrevista com Vasco Granja. Em 1976 organizou uma exposição de BD em Torres Vedras e editou um número de uma possível 2ª série em 1976. A qualidade da impressão a stencil não era muito famosa. Alguns membros da equipa do Impulso, juntamente com os irmãos Sarzedas, antigos membros do Aleph e outros estreantes, ainda editaram, em 1986, um número único do fanzine BêDêZine. (ler também AQUI).

Também em Janeiro de 1975, com a data de 15, surgiu uma publicação, do género de um fanzinem intitulada Ex-Aequo, embora a Banda Desenhada e o cartoon, nela editados, não fossem o tema principal, produzida pelos “pré-finalistas” dos Liceus de Lisboa, com sede no Liceu D. Pedo V, da qual de editaram vários números.

Nesse ano de 1973, mas já com uma excelente qualidade gráfica, quase profissional, saiu o Aleph, que resultou da fusão dos fanzines Saga e Yellow Kid. Publicou dois números antes do 25 de Abril e um terceiro após essa data, quase totalmente preenchido com a reprodução de uma BD chinesa. Foi o fanzine mais politizado de todos. Nele colaboraram os nossos amigos, torrienses de adopção, João e Fernando Sarzedas.

Em setembro de 1973 foi editado o fanzine Rack, feito por alunos do Liceu Nacional de Leiria, dirigido por Carlos Nina, prometedor autor de BD que publicou trabalhos seus noutros fanzines, nomeadamente no Impulso.

Ainda antes do 25 de Abril, em Janeiro de 1974, surgiu o fanzine Gambuzine, de origem anónima, com características underground.

Também em 1974 Jorge Guerra editou o fanzine Astro, que deu origem, em 1976, ao fanzine Wandon.

Com o 25 de Abril, após um período de estagnação, devido ao envolvimento de muitos dos mentores dos fanzines na dinâmica cultural e política da época, houve um período de estagnação no movimento dos fanzines, conhecendo-se um novo período de expansão no final da década, destacando-se a edição do Boletim do Clube Português de Banda Desenhada, a partir de 1976 e, nos anos 80, muito por acção de novos movimentos vanguardistas, como o movimento punk, conheceu-se um novo período de grande pujança do movimento de fanzines, com temáticas diversas, mas o declínio voltou a acentuar-se  neste século XXI com o impacto  da internet e das redes sociais.

O regresso a um modelo analógico de divulgação cultural, mais original e criativo, parece estar a fazer voltar algum interesse pelo recurso ao modelo dos fanzines, agora em novos moldes, com novos recursos e com novas preocupações.

Venerando Aspra de Matos

quarta-feira, 1 de março de 2023

1º Festival de Banda Desenhada da Lourinhã (11 a 19 de Março)

                                             
A Lourinhã vai organizar o seu 1º Festival de Banda Desenhada, que vai decorrer entre os próximos dias 11 e 19 de Março.

A antecipar esse evento, será inaugurada, já no próximo dia 7 de Março, a exposição “10 Anos de Histórias aos Quadradinhos”, organizada pela editora local de BD Escorpião Azul, patente ao público até 1 de abril, na Galeria Municipal da Lourinhã.

Sobre esse evento o Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira daquela localidade divulgou a seguinte informação:

Município da Lourinhã promove 1º Festival de Banda Desenhada

Entre os dias 11 e 19 de março, o município da Lourinhã e a Editora Escorpião Azul, com o apoio da Antena 1, promovem o 1º Festival de Banda Desenhada da Lourinhã – LouriBD, na vila da Lourinhã.

Esta primeira edição surge da vontade de difundir, junto da comunidade, aquilo que é a banda desenhada, tornando-a acessível e próxima de todos os leitores, independentemente da idade ou da literacia de cada um, e afirmar o seu enorme potencial pedagógico, artístico e cultural, que tanto enriquece e singulariza este género.

Considerada a nona arte, pela maneira como conta histórias através de uma simbiose entre imagem e texto, os seus antecedentes estão ligados à imprensa e às caricaturas – sobretudo de políticos – feitas nos jornais, depois em revistas, tiras sequenciais, agrupadas em livros ou em formato de novelas gráficas.

Além da exposição de BD “10 Anos de Histórias aos Quadradinhos” de Escorpião Azul e do Mercado do Livro, este festival contará com a apresentação de projetos, lançamento de livros, conversas com autores, workshops, sessões de autógrafos, curtas de animação e concertos ilustrados.

O festival conta com a presença dos seguintes autores e moderadores:

Álvaro e Filipe Duarte | António Rocha | Carlos Páscoa | Derradé | Fil | Hugo Pinto | Inês Garcia e Tiago Cruz | João Amaral | João Gordinho | Jorge Deodato | Lança Guerreiro | Luís Louro | Marco Fraga | Mário João Marques | Miguel Santos | Paulo J. Mendes | Paulo Monteiro | Pepedelrey | Rita Alfaiate | Rui Alves de Sousa | Sharon Mendes | Sérgio Santos | Véte

No que diz respeito à Exposição de BD “10 Anos de Histórias aos Quadradinhos” de Escorpião Azul, patente ao público de 7 de março a 1 de abril, na Galeria Municipal da Lourinhã, são acolhidos os mais variados estilos e géneros da Banda Desenhada presente a nível nacional, bem como da Editora Escorpião Azul.

Cada autor é único e diferente, quer na forma de contar a sua história, quer no seu traço e técnica. Os originais apresentados revelam sempre a verdadeira criação e construção da BD, o esforço e as várias camadas de execução até alcançar o trabalho final.

Os originais expostos são representados pelos seguintes autores:

Agonia Sampaio | António Rocha | Derradé | Fábio Veras | Filipe Duarte | Inês Garcia e Tiago Cruz | João Amaral | João Gordinho | João Vasconcelos | Lança Guerreiro | Luís Louro | Miguel Santos | Paulo J. Mendes | Pepedelrey | Rafael Sales | Ricardo Lopes | Rita Alfaiate | Sharon Mendes | Véte |

Pessoas de todas as idades podem ver a arte original dos desenhos em exposição, produzir as suas próprias tiras em workshops, apreciar e adquirir as várias edições no mercado, conversar com os autores, autografar os seus livros ou assistir a concertos ilustrados. Pretende-se criar um lugar para todos os entusiastas de banda desenhada e um local para acolher curiosos que desejam familiarizar-se com o mundo da arte sequencial”.