quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

7 de Fevereiro em Torres Vedras - Homenagem a João Sarzedas com exposição e lançamento de livro


No próximo Sábado, dia 7 de Fevereiro, pelas 16 horas, nos Paços do Concelho /Galeria Municipal de Torres Vedras, vai ser lançado um novo livro de cartoon´s da autoria de João Sarzedas.

O livro, intitulado "Sorria com Eólicos na Paisagem" é editado a título póstumo, mas ficou preparado pelo próprio autor ainda em vida.



O João Sarzedas nasceu em Lisboa em 9 de Fevereiro de 1943 e faleceu em Torres Vedras em 27 de Julho de 2013.

Era um apaixonado pela Banda Desenhada e pelo cartoon, artes que desenvolveu ao longo da sua vida, dedicando-se profissionalmente às artes gráficas.

Iniciou a sua ligação à Banda Desenhada como co-fundador do fanzine de BD "Aleph", do qual se editaram três números.





João Sarzedas, juntamente como o seu irmão Fernando, colaborou activamente como cartoonista e autor de BD nos dois primeiros números daquele fanzine, editados ainda antes do 25 de Abril, respectivamente em Julho de 1973 e Março de 1974.

Aquele fanzine seria vítima de uma luta política fraticida, que acabaria por o levar às mãos do extremismo maoista-stalinista, que provocou a morte precoce daquela revista com grande qualidade gráfica e de conteúdos. A retórica bastante agressiva, e muito marcada ideológicamente, hoje perfeitamente datada, ficou atenuada pela grande qualidade e criatividade dos autores de cartoon´s e banda desenhada que nela colaboraram, tendo João Sarzedas sido um dos principais responsáveis por essa qualidade.





 (cartoon´s de João Sarzedas para ilustra um conjunto de artigos publicado na 2ª edição do Aleph onde se fazia uma análise bastante crítica ao panorama dos fanzines portuguesesa (Impulso, Quadradinhos,Copra e Ploc foram os visados. O autor destas linhas liderava o Impulso e é um dos "pintainhos" do primeiro cartoon). O extremismo dessa análise foi atenuado pela graciosidade do traço de João Sarzedas)

Ainda antes do 25 de Abril, e no período imediatamente a seguir, colaborou em várias outras publicações, como o Jornal do Exército, ou no famoso suplemento humorístico do Diário de Lisboa, "A Mosca", e numa revista feminina liderada por jornalistas como Helena Neves e Fernando Dacosta.

Em Abril de 1974 editou o seu primeiro livro de banda desenhada, “Luz Verde Para Tuntas”.



Motivos profissionais levaram-no a estabelecer-se em Torres Vedras em 1979, onde criou um atelier de serigrafia e de venda de artesanato gráfico da sua autoria, "Boom Serigrafia".

(um dos trabalhos de João Sarzedas vendidos na sua loja. Divertindo-se com o seu próprio signo)

Em Torres Vedras continuou a dedicar-se à sua actividade preferida, o cartoon e a Banda Desenhada, que repartiu como outra paixão sua, a actividade policiária e charadista, sendo membro da Associação Policiarista, tendo realizado várias ilustrações e mais de 50 capas do orgão oficial daquela associação, "Célula Cinzenta".

Foi colaborador nos jornais Badaladas e Frente Oeste, fez parte da organização da IIª Exposição de Banda Desenhada de Torres Vedras, realizada em finais de 1985, e co-responsável pela edição do fanzine “BêDêzine”, publicado nessa ocasião e herdeiro do antigo “Impulso”.

Foi contudo na revista “O Barrete”, editada anualmente há quase vinte anos por ocasião do Carnaval de Torres Vedras, que evidenciou todas as suas qualidades enquanto cartoonista e autor de Banda Desenhada.







(alguns dos seus trabalhos publicados no Barrete, tendo a temática local como tema)

Vítima de doença prolongada, ainda teve tempo para deixar pronto o livro de cartoon´s que agora vai ser publicado e que tem como temática uma realidade muito marcante da região oeste, a profusão de moinhos eólicos, numa região com uma longa tradição de moinhos e azenhas para moer o trigo.

Toda a sua criatividade e imaginação revela-se totalmente neste seu testamento visual.
 (Ionizar com a própria Banda Desenhada faz parte desta sua obra póstuma)

(a temática que escolheu para a sua última obra já era alvo de atenção num cartoon editado em 2012 na revista "O Barrete").

A arte de João Sarzedas, a sua simplicidade e irreverência, sem cedências à sociedade de consumo e profundo respeito pela cultura local, marcaram profundamente todos aqueles que tiveram o privilégio de o conhecer e com ele conviver.

A CRISE VISTA POR JOÃO SARZEDAS:






(Publicado na edição de 2012 de "O Barrete")


4 comentários:

  1. Conheci o João Sarzedas por quem tinha (e continuo a ter) grande admiração pelos seus trabalhos. Lá estarei no sábado. Joaquim Cosme

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  2. Guardo ainda o Luz Verde para Tuntas.
    Se procurar bem, talvez encontre alguns dos mobiles criados pelo João Sarzedas, que animaram os berços dos meus filhos.
    Vou lá estar a homenagear o artista, criativo e multifacetado, mas antes do mais, o Amigo.

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