'O incorrigível e manhoso ‘’Vilhena’’ não quiz deixar acabar este ano
de 1965 sem lançar a público mais uma das suas produções deletérias que por
artes ocultas circulam sempre a despeito das proibições que sobre elas incidem.
Posto hoje à venda, segundo creio, não encontro neste livro uma única
página que possa ser autorizável.
Portanto proponho a sua rigorosa proibição”.
In Relatório da Censura de Dezembro de 1965 sobre o livro de José Vilhena
“humor Parisiense”.
(relatórios da Censura sobre a obra de Vilhena)
O “incorrigível e manhoso” José Vilhena faleceu no passado Sábado, dia
de reflexão para mais um acto político, que não poderia deixar de passar
despercebido e dado a mais uma catrefada de certeiros, maliciosos e ácidos cartoon´s,
fosse ele mais novo e estivesse em actividade.
Já tinha 88 anos, e tinha abandonado hà muito a sua actividade como
cartoonista, dedicando-se mais à pintura.
Nasceu em 7 de Julho de 1927 em Figueira de Castelo Rodrigo e foi o digno herdeiro de Bordalo Pinheiro na
segunda metade do século XX.
Foi nas décadas de 60 e 70 do século passado que a sua obra mais se
destacou.
Ficou também muito associado à liberdade sexual desas décadas e esta sua abordagem da sociedade e da política foi a que mais mereceu a atenção da PIDE e da Censura, guardiões também da "ordem moral" e dos "bons costumes" do Estado Novo.
Todos os seus 70 livros de humor editados antes do 25 de Abril foram
alvo da censura , sendo preso por três vezes, em 1962, 1964 e 1966.
Depois do 25 de Abril editou a revista Gaiola Aberta que se tornou a
verdadeira crónica humorística da Revolução e da sua evolução.
Ninguém escapou à sua ironia e ao seu humor corrosivo.
O último alvo do seu humor foi Cavaco Silva, que esteve na origem de
uma das sua últimas publicações, “O Cavaco”.
Homenageando esse grande vulto do humor e do cartoon em Portugal, aqui
recorda´mos alguns dos seus trabalhos:
Morreu José Vilhena, o sátiro cartoonista da Gaiola Aberta(clicar par ler).
Podem também consulta AQUI, o site sobre a sua obra.
Sem comentários:
Enviar um comentário