Na antiga União Soviética, da qual fazia parte a actual Ucrânia, a Banda Desenhada não conheceu um desenvolvimento significativo.
A maior parte dos artistas
soviéticos dedicavam-se ao cartoon, muitos deles divulgados nos jornais de parede,
ou, quanto muito, ao cinema e animação ou colaborando na ilustração de
publicações infantis.
A BD foi sempre marginalizada,
vista como uma arte menor ou, na pior das hipóteses, como uma arte ao serviço
da propaganda ocidental e do imperialismo norte-americano.
Algumas tentativas de
desenvolver um BD de raízes russas, esbarrando contra o preconceito e
enfrentando a censura, só singrou em publicações clandestinas.
Com a abertura iniciada nos finais
dos anos 80 do século XX, foi possível conhecer os comic’s
norte-americanos e, principalmente, a manga japonesa, influenciando o aparecimento
de novos autores.
Tornando-se independente da
União Soviética, a Ucrânia conheceu o inicio do florescimento da BD ucraniana a
partir da década de 90 do século XX.
A maior parte dessas primeiras
BD’s caracterizavam-se pelo seu forte peso nacionalista, patriótico e histórico,
explorando lendas e mitos tradicionais da Ucrânia.
Considera-se geralmente que a
publicação do álbum “Silk State”, desenhado por Felix Dobrin e texto de Vasyl
Barysh, da editora Dnipro, em 1990,em Kiev, foi
a primeira BD ucraniana.
Nesse mesmo ano foi publicada
a BD “O Cerco de Kiev pelos Pechenegas”, de Serhy Vitaliyovyc Pozniack, uma
saga histórica passada no século X.
A primeira revista de BD
surgiu em 2003, com o título K9, cuja edição popularizou muito a BD entre as
novas gerações ucranianas, principalmente ao estilo manga.
A partir de 2008 a BD ucraniana
conhece uma politização crescente, confundindo-se muito com a propaganda
nacionalista.
Igor Baranko é o autor ucraniano
mais conhecido internacionalmente, com um percurso de vida muito peculiar.
Tendo nascido em Kiev em 1970,
cidade onde estudou artes, serviu o exército vermelho soviético durante dois
anos, numa aldeia da Sibéria.
Após a independência da
Ucrânia, começou a editar algumas novelas gráficas e, entre 1993 e 1998,
começou a enviar trabalhos seus para vários fanzines europeus.
Em 1999 emigra para os Estados
Unidos, onde colabora em vários comics books.
O seu primeiro álbum é editado
em 2003, simultaneamente nos Estados Unidos e em França, “The Hordes” (“L’Empereur
Océan”), passando a colaborara na revista francesa Metal Hurlant, colaboração
que o leva a participar na série de ficção cientifica E17 (“Exterminateur 17”) numa
trilogia da série, com texto de Jean-Pierre Dionnet, que, inicialmente, criou essa série com desenhos de Enki Bilal.
Recentemente publicou a série
em 3 volumes “Jihad”, o último dos quais editado 2014, uma ficção política
futurista passada em 2040, sobre a resistência a um ditador russo que pretende
reconstruir um império do Pacífico ao Atlântico, num mundo apocalíptico pós
guerra nuclear, série premonitória da realidade actual.
Nos últimos anos tem-se
assistido a uma grande expansão da BD ucraniana, interrompida em parte pela
invasão russa.
Esta nova geração tem um peso
significativo de autoras femininas, apoiada por várias editoras inovadoras e
criativas.
Fixemos, entre esses novos
autores, os seguintes nomes:
Artistas :
Serhiy Chudakorov, Yulia Vus,
Ivan Kypibida, Beata Kurkul, Sergiy Chudakovor, Anna Tarnoviecka, Zhenia
Oliynyk, Maryia Lantsuta, Sasha Komiahov, Oleksiy Chebykin, Igor Baranko,
Oleksiy Opara, Oleksiy Bondarenko, Maksym Bohdanovskiy, Viktoria Panomarienko,
Yevhen Tonchylov, Mykyta Gubskiy, Reikhan Aksu, Oleksandr Koreshkov, Maksym
Udynskiy, Illia Bakuta, Andriy Dankovych, Andriy Dyakiv, Dartsya Zironka,
Maksym Solntsev, Illia Bakuta, Maksym Udynskiy, Dana Vitkovska, Ihor Davidyenko
Argumentistas :
Emma Antoniuk, Zhanna Ozirina,
Mykola Yabchenko, Artem Czech, Svetlana Taratorina, Marina Artiemienko, Maryia
Lantsuta, Sasha Komiahov, Igor Baranko, Vyacheslav Buhaiov, Oleksiy Bondarenko,
Denys Fadieiev, Oleksandr Fylypovich, Raman Onishchenko, Denys Skorbatyuk, Olha
Voznyuk, Bohdan Solovian, Oleksandr Koreshkov, Maksym Udynskiy, Illia Bakuta,
Andriy Dankovych, Illia Bakuta, Ihor Davidyenko.
Aqui ficam, pois, algumas
breves notas sobre a BD ucraniana, como homenagem à corajosa resistência desse
povo à violência da guerra que estão a enfrentar.
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