quarta-feira, 24 de abril de 2024

João Abel Manta, o cartoonista do 25 de Abril (II)

(a Mosca do Diário de Lisboa - 9 de Maio de 1974)

João Abel Manta colaborou durante anos no jornal “Diário de Lisboa”, principalmente no célebre suplemento A Mosca.

Ficou célebre o processo de que foi vítima por um cartoon publicado em 1972 nesse jornal alusivo ao Festival de Canção, chamado “Festival”, acusado de “desrespeitar a Bandeira Nacional”.


Muitos dos seus cartoon’s foram censurados e, após o 25 de Abril, o semanário Sempre Fixe, propriedade do Diário de Lisboa, na sua primeira edição sem censura, dedicou várias páginas à republicação desses cartoon’s censurados.

(Sempre Fixe - 27 de Abril de 1974)
(anuncio no Diário de Lisboa de 27 de Abril de 1974 da publicação dos cartoon's censurados no semanário Sempre Fixe)



Ficaram famosas, no pós 25 de Abril, alguns cartoon´s alusivos à nova situação política.

Também o jornal Diário de Lisboa publicou, principalmente ao longo dos meses de Abril e Maio de 1974, a maior parte com honra de primeira página, vários cartoons alusivos à situação política.

(DL 28 de Abril de 1974)
(30 de Abril)
( 3 de Maio)
(6 de Maio)
(7 de Maio)
(8 de Maio)
(9 de Maio)
(10 de Maio)
(11 de Maio)
(14 de Maio)
(18 de Maio)
(21 de Maio)
(23 de Maio)
(25 de Maio)
(31 de Maio)
[Fonte: Casa Comum, Fundação Mário Soares]

João Abel Manta também foi autor de alguns dos mais icónicos cartazes desse período, aos quais já fizemos referência AQUI.

Transcrevemos em baixo, do site do Facebook  “Antifascistas da Resistência”, de 13 de Março de 2016, alguns dados sobre a sua biografia, pesquisa da autoria de Júlia Coutinho, publicado por José Pacheco Pereira, em 23/04/2008, in https://estudossobrecomunismo2.wordpress.com/.../julia.../:

JOÃO ABEL MANTA (n. 1928)

“Cidadão da Resistência, João Abel Manta é uma figura emblemática da luta dos intelectuais contra a ditadura fascista.

Autor de uma obra multifacetada, centrada sobretudo na arquitectura, desenho e pintura, afirmou-se no panorama cultural português a partir do final da década de 1940. Nos anos que se seguiram teve importante actividade no domínio da arquitectura, que abandonaria progressivamente em favor das artes, destacando-se como um dos maiores cartoonistas portugueses das décadas de 1960 e 1970. Nos anos anteriores e posteriores ao 25 de Abril publicou regularmente, em jornais de grande tiragem, trabalhos relacionados (criticamente) com a situação político-social portuguesa. A ironia é então a arma fundamental da sua intervenção.

A. João Abel Manta nasceu em Lisboa em 29 de Janeiro de 1928, filho dos pintores Abel Manta e Maria Clementina Carneiro de Moura Manta. Teve uma infância e adolescência felizes, rodeado pela arte e pela curiosidade do saber. Os pais levaram-no sempre nas suas viagens pela Europa. Desde criança, era uma pessoa interessada e, apoiado por seus pais, com uma educação plástica e intelectual cuidada, com uma visão global da cultura.

A sua vida foi dominada pelas artes, seja no convívio quotidiano com o trabalho pictórico de seus pais e no conhecimento que adquiria nas visitas familiares ao estrangeiro, como também no contacto com amigos que frequentavam a sua casa, ou as tertúlias dos cafés da Brasileira e do Chiado. As tertúlias, na altura, eram os verdadeiros centros culturais (e de liberdade) na troca de ideias, de experiências, de transmissão de revelações ainda desconhecidas. Por vezes, essas conversas tinham que ser feitas à surdina, mas faziam-se.

Num desenho de juventude, nos anos quarenta, João Abel retrata um grupo de amigos que se costumavam reunir com o Abel Manta pai. No painel, o maestro Fernando Lopes Graça dirige o grupo, composto por Abel Manta ao clarinete, Manuel Mendes ao saxofone, José Segurado na flauta, Francisco Keil do Amaral na tuba, Fernando Abranches Ferrão na viola, José Rocha no violoncelo, Albano Costa Lobo no soxafone, Dário Martins nos ferrinhos, Peres de Carvalho no bombo e Mário Novais Género Nadar a fotografar tudo isto. Claro que não é o retrato de um grupo musical, mas uma imagem simbólica da unidade harmónica destes intelectuais e artistas que, perante o ar tenebroso e a afonia que dominavam o país político, encontravam na amizade e na troca de ideias a única porta de liberdade de pensamento. Eram as ilhas de sobrevivência possível, donde por vezes surgia a força para lançar uns arpões contra a ditadura.

João Abel Manta desenvolveu-se nesse meio de arte, de gosto pela liberdade que não havia, de oposição ao regime. A oposição fazia-se por ideias, por atitudes, e nas artes, nessa década de quarenta, ainda dominada pelo modernismo pseudo-cosmopolita apadrinhado por António Ferro, a oposição nascia também no neo-realismo ou no surrealismo. Naturalmente, o jovem artista comungou das mesmas influências de oposição estilística, e participou nas atitudes públicas, e nas Exposições Gerais de artes plásticas do S.N.B.A.

Os anos quarenta/cinquenta, quando João Abel vivia os últimos anos de "teenager", foram de rebelião, do despertar de uma consciência política, herdada dos velhos republicanos com exigências de democracia. Foram anos de intervenção política e cultural, e João Abel lá estava no meio, irreverente e actuante, em actividades múltiplas de arte e cultura. Essa irreverência levá-lo-ia a ser preso pela PIDE e a ficar alguns meses.

Enquanto estas actividades políticas e culturais se desenvolviam na vida do jovem que lutava contra a estagnação do país, o seu ciclo académico prosseguia, passando do Liceu para o curso de Arquitectura na E.S.B.A.L. Fez o curso de 1946 a 1951, seguindo-se um estágio de dois anos num atelier de arquitectura, obtendo dessa forma o diploma, em 1953. De imediato deu início à carreira profissional com projectos arquitectónicos e urbanísticos.

A arquitectura foi durante largo tempo a sua profissão. Porém, a actividade cultural levá-lo-ia à intervenção social através das artes plásticas - o grafismo é uma linguagem privilegiada para a comunicação fácil e directa com as massas. Foi nesse campo estético que desenvolveu o contraponto à arquitectura.

O desenho é a chave mestra, tanto da arquitectura, como das artes gráficas, e esse elemento é a base forte da formação académica de João Abel Manta. Ele diz que sempre desenhou, já que os rabiscos são a expressão mais espontânea de qualquer criança, mas os primeiros trabalhos conhecidos datam do final da década de quarenta.

Como cartoonista político, publicou em jornais e revistas, tais como "Diário de Lisboa", "O Século Ilustrado", "Seara Nova", "Sempre Fixe", Diário de Notícias" ou "Jornal de Artes e Letras"; e tem dois álbuns editados "Cartoons" (1975) e o célebre "Caricaturas Portuguesas dos anos de Salazar" (1978).

A sua obra foi ganhando o reconhecimento público e a atribuição de prémios muito significativos, no país e no estrangeiro. [Em 1961, o Prémio de Desenho na II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, e, em 1965, na cidade de Leipzig, a Medalha de Prata na Exposição Internacional de Artes Gráficas]. Esteve presente na II Bienal de São Paulo, em mostras internacionais Di Bianco e Nero em Lugano, assim como nas exposições internacionais de Tóquio e Medellin - Colômbia. Expôs também individualmente em Londres, no I.C.A.

Em 2008, por ocasião do seu 80º aniversário, foi homenageado com uma exposição [de originais seus, cedidos pelo Museu da Cidade de Lisboa, e trabalhos de outros cartoonistas], no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, na Amadora.

Segue-se um muito informado e esclarecedor retrato do percurso de artista e político de JAM, da autoria de Júlia Coutinho, escrito para celebrar o 80º aniversário de João Abel Manta e publicado no catálogo editado pela CM Amadora que acompanhou a referida exposição de cartoons.

B. «Foram dois indivíduos extremamente importantes para a minha formação mental, o Zé [Dias] Coelho e o João Abel [Manta]; dois líderes naturais (…) um pela consciência política, o outro pela grande cultura» - Rolando Sá Nogueira

Falar de João Abel Manta é recordar uma geração que, no período após a Segunda Guerra, forjou um combate militante ao «Estado Novo» e aprendeu a resistência dos actos, das palavras e do silêncio. Num tempo em que a cultura subvertia e incomodava.

Fixemo-nos em 1945, ano em que finda a Segunda Guerra Mundial e surge o movimento oposicionista MUD – Movimento de Unidade Democrática, o ano lectivo (45-46) em que o futuro arquitecto ingressa na escola de Belas-Artes de Lisboa, no velho casarão de São Francisco onde o jovem de 17 anos vai encontrar um ensino obsoleto e um ambiente asfixiante, que desprezará, mas onde inicia também um ciclo de encontros, partilhas, lutas e emoções que irão consolidar o homem e o cidadão João Abel Manta.

Um curriculum idêntico ao primeiro ano de pintura, escultura e arquitectura aproxima-o de colegas com cadeiras em atraso[i], como Jorge Vieira, F. Castro Rodrigues, Duarte Castel-Branco, Rolando Sá Nogueira ou José Dias Coelho, criando um grupo de amigos que daria origem a “uma verdadeira tertúlia (…) onde cada indivíduo contribuía com a sua curiosidade e com o seu saber para o conhecimento do grupo inteiro”.[ii]

João Abel já então detinha, pelo berço e pelo convívio[iii], uma enorme cultura nas áreas das artes plásticas, música, cinema e literatura, pelo que a sua preponderância no grupo surge naturalmente. Como nos transmitiu Sá Nogueira, um dos seus grandes amigos: “eu costumo dizer que li o Eça de Queirós por causa do João Abel Manta (…) Em miúdo não lia, mas com os meus amigos, nas nossas tertúlias, li o Eça e muitos outros autores porque eu próprio concluí ser necessário, e passei a ter prazer na leitura (…) O mesmo com a música.” Outra particularidade o distingue: as viagens anuais a Paris e outras cidades europeias, de onde regressa com livros e revistas que os colegas devoram. Será, pois, nestas tertúlias que se vão fomentando gostos e criando hábitos culturais e de convívio, que suprirão, em parte, as lacunas familiares e escolares de alguns deles.

Assim, enquanto João Abel prevalecia pela cultura, José Dias Coelho impunha-se pela política e teve, nas palavras de Sá Nogueira, “uma importância muito grande na formação do grupo, porque estava sempre a espicaçar”, assumindo a “função de alertar os outros” e levá-los a agir enquanto cidadãos.

O MUD Juvenil surge em 46 e a sua organização logo se estende a Belas-Artes[iv], tendo início as tentativas de revitalização da sua associação académica e a participação na primeira Festa da Queima das Fitas de Lisboa, realizada nesse ano.

O ano de 1947 será paradigmático da resistência a Salazar e, para a História, ficam a repressão da Semana da Juventude (Março) e o assalto pelas polícias à Faculdade de Medicina[v] (Abril), onde os estudantes se reuniam, solidários com os colegas e amigos do MUD Juvenil presos. É neste contexto que João Abel concebe o desenho “Natal de 1947”, editado para angariação de fundos e apoio aos jovens encarcerados.

Ainda nesse ano, participa na II Exposição Geral de Artes Plásticas (EGAP), assistindo à violência da PIDE, que invade a SNBA e apreende onze obras de dez neo-realistas, só as devolvendo com a exigência de não voltarem a ser mostradas em público.[vi]

Hoje as EGAP´s estão esquecidas. E, no entanto, não subsistem dúvidas de que as mesmas configuraram “o primeiro combate organizado pela oposição ao Salazarismo”[vii] precisamente pela “consciência que trouxeram aos artistas da recusa de expor no SNI”[viii] e ainda pela frente cívica que constituíram e as sensibilidades que juntaram.

À distância, tendo presentes as discussões que se seguiram entre neo-realistas e surrealistas e o desespero aqui evidenciado pelo regime, é legítimo concluir que, por mais ingénua que haja sido a sua formulação, o neo-realismo era a linguagem expressiva correcta para o momento, a mais incomodativa e aquela que, pelo seu sentido pragmático, na feliz expressão de Ernesto de Sousa, melhor atingia os objectivos oposicionistas. Como o reforçou Álvaro Cunhal, num escrito elaborado na Penitenciária, sob o pseudónimo de António Vale, o conteúdo haveria de dominar a forma.

Num período propício à formação de movimentos cívico-culturais, como o campismo e o cineclubismo, é criado em Lisboa, por José Ernesto de Sousa, o Círculo de Cinema. Pelo seu imenso activismo, o clube torna-se suspeito e quando a PIDE assalta a sua sede e prende alguns membros, apreende um Boletim com o nome de todos os dirigentes, incluindo o de João Abel Manta, que co-dirigia essa publicação[ix].

Acresce que a sua morada era há muito utilizada para recepção de correspondência e o seu quarto, “que até tinha uma porta que dava directamente para o patim da entrada”, aproveitado para reuniões clandestinas, a pedido de José Dias Coelho.

Pelas 24:30 do dia 1 de Fevereiro de 1948, João Abel é preso pela PIDE na casa dos pais — na Rua Tenente Valadim (actual Infante Santo) 362-2º Esq., Lisboa — e levado para a prisão de Caxias, “por fazer parte de uma organização clandestina”.[x]

Tinha 20 anos, feitos a 29 de Janeiro desse ano.

Em Caxias, começa por ser colocado em companhia dos homens dos cineclubes “mas eles acabaram por sair primeiro e eu fiquei lá sozinho na cela”. Os interrogatórios na sede da PIDE são de extrema violência psicológica com o famigerado Fernando Gouveia a exigir nomes. Para não colocar em perigo gente ainda não assinalada pela polícia, cita membros do Juvenil que se encontram presos. Fisicamente não foi torturado: os agentes tratariam com alguma deferência uns tantos que consideravam serem filhos-família.

A Direcção [Universitária] Provisória do MUD Juvenil emite um comunicado apelando à unidade e ao protesto, afirmando que “a defesa dos nossos amigos presos é a própria defesa do Movimento”, ao mesmo tempo que um abaixo-assinado de solidariedade para com João Abel é posto a circular na Escola de Belas-Artes, tendo tido um êxito relativo porque “entre os colegas do meu curso [arquitectura] houve uma série de gente que recusou assinar com medo do «Cunha Bruto»”.

É solto a 14 de Fevereiro de 1948. Sobre a reacção familiar, recorda que o pai Manta, apesar de oposicionista, “não gostou que eu tivesse sido preso, achava um bocado inútil essas coisas (…) mas a minha mãe reagiu extraordinariamente e deu-me todo o apoio” – ou não fosse Clementina Carneiro de Moura uma digna subsidiária da ética republicana.[xi]

A PIDE não mais o largaria. Mas João Abel Manta nunca deixará de intervir socialmente, sobretudo quando as causas da cultura estão em jogo.

Quando, em 1959, morre Diogo de Macedo e o regime nomeia o pintor Eduardo Malta para o substituir na direcção do Museu de Arte Contemporânea, João Abel Manta afirma publicamente: “Com Diogo de Macedo sempre trilhámos os caminhos da arte do nosso tempo, mas agora teremos certamente de lutar contra todos os preconceitos e ameaças que nos vão tolher os passos”[xii]. Essa luta contra o conhecido academismo de Malta ficou expressa numa das várias representações então dirigidas ao ministro da Educação Nacional, discordando da nomeação e sugerindo que fosse substituído.[xiii]

Várias obras suas foram censuradas. Já na época marcelista o artista seria acusado de ridicularizar a bandeira portuguesa num cartoon publicado no suplemento A Mosca do Diário de Lisboa do dia 11.11.1972 e, por isso, levado à barra do Tribunal. O desenho apresentava uma bandeira nacional sem a totalidade dos atributos e, no centro, por sobre a esfera armilar, uma cabeça de mulher, supostamente a cantar. Era óbvia a crítica aos nossos festivais da canção de onde os artistas de maior qualidade estavam arredados.

Viu-se obrigado a pagar uma fiança para aguardar julgamento em liberdade e, quando, em Junho de 73, o processo finalmente se concluiu com a sua absolvição, foi afirmado:

“Este não foi o processo de João Abel Manta – mas o processo dos seus próprios denunciantes, da censura, do fascismo (…) É portanto um processo político, que leva ao extremo do ridículo a farsa da pseudoliberalização marcelista (…) e é também um processo que felizmente chegou até este tribunal (…) cuja única sentença condenatória será, na consciência de nós todos, homens livres, para o regime que trouxe para este banco dos réus um grande artista e um cidadão como João Abel Moura.” [xiv]

O 25 de Abril de 1974 chegaria a tempo do artista João Abel Manta não ser de novo incomodado pela polícia política, desta feita pelos desenhos do livro Dinossauro Excelentíssimo, que produzira com o amigo José Cardoso Pires, e que ficaria sendo para a posteridade, com as Caricaturas Portuguesas do Tempo de Salazar, a mais lúcida e feroz denúncia dos cinquenta anos de obscurantismo vividos no nosso país.

Lisboa, 24 de Março de 2008

____________________

[i] João Abel Manta foi dos raríssimos alunos (se não o único) a fazer o curso na Escola de Belas-Artes de Lisboa sem atrasos. As razias eram em Geometria Descritiva ou em Desenho Arquitectónico (1º ano) e Construções (4º ano) de Luís Alexandre da Cunha, o “Cunha Bruto”, que também foi director. Ficaram célebres as debandadas para a Escola de Belas-Artes do Porto, para fazer as cadeiras deste professor.

[ii] Rolando Sá Nogueira, entrevista à autora, em Março.2001. Todas as citações de RSN são desta fonte.

[iii] A Família Manta convivia com Aquilino Ribeiro, Manuel Mendes, Dordio Gomes, Keil do Amaral, Gualdino Gomes, Lopes-Graça, Bernardo Marques, Bento Jesus Caraça, Pulido Valente, e muitos outros.

[iv] Pertenceram à Comissão do MUD Juvenil da Escola de Belas-Artes de Lisboa, entre 1946-1952, J.Dias Coelho, J.Abel Manta, R.Sá Nogueira, Jorge Vieira, Lima de Freitas, Nuno Craveiro Lopes, Alice Jorge, F. Castro Rodrigues, M.Emília Cabrita, Raul Hestnes Ferreira, Augusto Sobral, António Alfredo, M.Cecília Ferreira Alves, Bartolomeu Cid, A. Sena da Silva, Lia Fernandes, Tomás Xavier de Figueiredo, etc.

[v] Em 29.04.1947 com prisões e agressões indiscriminadas. Na sequência, Salazar demitiu grande número de professores do ensino superior, nomeadamente o director da Faculdade de Medicina.

[vi] Foram 10 as EGAP´s, entre 1946-1956. A invasão da Pide deu-se a 13.05.1947 pelas 13 horas, e as obras apreendidas de Júlio Pomar, Avelino Cunhal, Viana Dionísio (José Viana) José Chaves (Mário Dionísio), Maria Keil, A.Louro de Almeida, Lima de Freitas, Manuel Filipe, Nuno Tavares e Rui Pimentel (Arco).

[vii] António Valdemar, “SNBA: continuidade e ruptura”, DN 18.03.2001

[viii] João Abel Manta, entrevista à autora em 22.08.2002. Todas as citações de JAM são desta fonte.

[ix] A sede funcionava na Rua B às Amoreiras 4-1º Dto – Lisboa, das 21.30 às 24 horas, em casa alugada para o efeito e inaugurada em 10.11.1947. O assalto da PIDE deu-se em 31.01.1948.

[x] Conforme Registo Geral de Presos e Processo ANTT/ PIDE/DGS 214/48 – NT 4956

[xi] Abel Manta (pai) foi muito maltratado pelo regime. Em 1932, concorre à Escola de Belas Artes de Lisboa para professor de Pintura, sendo preterido por Henrique Franco, num processo muito pouco claro, de que recorreu. Um ano depois, Henrique Franco demite-se e, em vez de ser chamado o segundo classificado no concurso, o regime nomeia Varela Aldemira que fora discípulo de Columbano. Já em 1939 Abel Manta e Dordio Gomes são chamados para decorar a escadaria principal do Palácio de S. Bento. Por questões estéticas, são dispensados quando as obras se encontram quase prontas, sendo as mesmas destruídas e ambos substituídos por Lino António.

[xii] Lista da PIDE com declarações públicas dos artistas plásticos e assinalando, de entre eles, quais os que se encontravam representados no Museu de Arte Contemporânea.

[xiii] A acção de Eduardo Malta (1900-1967) à frente do Museu de Arte Contemporânea revelar-se-ia catastrófica, a todos os níveis, como já foi publicamente admitido. Após o incêndio do Chiado seria o edifício objecto de requalificação profunda, reabrindo em 1994 como Museu do Chiado.

[xiv] J. Carlos Vasconcelos, «Cartoons» que abalaram o fascismo e fizeram sorrir a revolução», in O Jornal de 19.12.75, pp. 20-21.

Trabalho de pesquisa da autoria de Júlia Coutinho, publicado por José Pacheco Pereira, em 23/04/2008, in

https://estudossobrecomunismo2.wordpress.com/.../julia.../

HP

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quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Sábado, 14 de Outubro - EXPOSIÇÃO COMEMORATIVA DOS 50 ANOS DA FANZINE IMPULS

                                                   

Vai ser inaugurada, no próximo Sábado 14 de outubro de 2023, pelas 17 horas, a EXPOSIÇÃO COMEMORATIVA DOS 50 ANOS DA FANZINE IMPULSO, seguindo-se o lançamento da edição comemorativa do 50º aniversário do fanzine IMPULSO.

Esse evento vai decorrer na Biblioteca Municipal de Torres Vedras, e a exposição estará patente ao público até 30 de Novembro.

O fanzine de banda desenhada Impulso nasceu em janeiro de 1973 e foi editado por alunos do Liceu Nacional de Torres Vedras.

Em janeiro passado completou-se 50 anos sobre o lançamento do nº 1 deste fanzine que veio a ser uns dos primeiros a ser editado em Portugal.

O movimento de fanzines de banda desenhada teve o seu início em Portugal nos inícios da década de 70 e beneficiou de algum abrandamento da censura, após o afastamento de Salazar em 1968, que se acentuou após a sua morte em 1970.

O grupo que esteve na origem da edição do “Impulso” tinha em comum, para além da amizade pessoal, escolar e de vizinhança, de longa data entre alguns dos seus membros, o gosto pela leitura de banda desenhada e o desejo de editar aquilo que, de forma por vezes muito naif, cada um ia fazendo. Alguns faziam revistas de banda desenhada à mão, de um exemplar único.

Do “Impulso” foram editados 5 números ao longo de 1973, feitos com a “revolucionária” tecnologia de então, o “stencil eletrónico”, existente no liceu para a feitura dos testes escolares.

A maioria dos elementos envolveu-se, posteriormente, na vida associativa e política, só voltariam, e pela última vez, a editar o “Impulso” em 1976.

Esta exposição pretende assinalar a passagem dos 50 anos sobre a primeira edição do fanzine, contar a história da existência deste projeto e homenagear todos aqueles que colaboraram no “Impulso”.

Organização: CLICANDO - Associação Cultural e Câmara Municipal de Torres Vedras

Conteúdos: Carlos Ferreira e Venerando Matos

Projeto e execução gráfica: Carlos Ferreira e Antero Valério

Arquivos pessoais: Carlos Ferreira e Venerando Matos.

Atividade Gratuita

segunda-feira, 24 de abril de 2023

A Banda Desenhada e o Cartoon que se publicavam na imprensa nacional, no dia 25 de Abril


Para além de suplementos como o dominical do Primeiro de Janeiro, o "Quadrinhos" de A Capital, A Mosca do Diário de Lisboa, o "Pim-Pam-Pum" de O Século ou a "Nau Catrineta" do Diário de Notícias, a Banda Desenhada e o cartoon, lutando muitas vezes contra a censura,  ocupava um lugar destacado nas edições diárias da imprensa portuguesa.

Embora não tivessemos encontrado na nossa colecção a edição do Primeiro de Janeiro do dia 25 de Abril, temos connosco as edições de A Capital, do Diário de Lisboa, do Diário Popular, do Século Ilustrado, do Diário de Notícias, do Século. Também possuimos a edição do República, mas , que nesse dia, não publicou qualquer cartoon ou BD. A "normalidade" será reposta em 28 de Abril.Temos ainda dados sobre  a edição do Jornal de Notícias e do Comércio do Porto nos dias seguintes. Em relação ao Priemeiro de Janeiro, conseguimos reunir a banda desenhada e os cartoon's  que foram publicadas nas suas páginas, numa consulta que fizemos à Biblioteca Nacional.

Recordamos aqui, reproduzindo-as a partir da nossa colecção pessoal, do site da Hemeroteca de Lisboa, da consulta na BNL e do que encontrámos na internet, as tirinhas e, em menor número, as pranchas de BD e os cartoon´s que se publicaram nas páginas desses jornais nesse dia 25 de Abril ou nos dias seguintes  (clicar por cima das imagens para ver em formato maior):

A CAPITAL:










DIÁRIO POPULAR:





DIÁRIO DE LISBOA:


O SÉCULO ILUSTRADO:


DIÁRIO DE NOTÍCIAS:

O SÉCULO



JORNAL DE NOTÍCIAS
(edição de 26 de Abril)


O COMÉRCIO DO PORTO
(edição de 28 de Abril)

REPÚBLICA
(edição de 29 de Abril)



PRIMEIRO DE JANEIRO
(25 de Abril)






(foi publicada no dia 25, mas esta reprodução é da publicação no dia 28 de Abril)

(era publicado ao Sábado. Esta é a primeria da sérei publicada depois do 25 de Abril, no Sábado 27)

Páginas do primeiro Suplemento dominical do PJ, "Domingo", publicado depois de 25 de Abril, em 28 de Abril: