A obra gráfica de Will Eisner UM CONTRATO COM DEUS deu início a uma nova colecção de Banda Desenhada iniciada na passada semana pelo jornal "Público", dedicada à chamada "Novela Gráfica".
William Erwin Eisner nasceu no Brooklyn, em Nova Iorque, em 6 de Março de 1917, tendo falecido em e de Janeiro de 2005.
Filho de judeus saidos do antigo Império Austro-húngaro, Eisner foi um dos mais originais e criativos autores da banda desenhada norte-americana.
Começou a colabora numa revista escolar, do Institut DeWitt Clinton,onde estudou desenho e artes gráficas, no Bronx, tendo aí iniciado a sua colaboração com Bob Kane, que ficou conhecido como criador da série Batman.
Com mais de 70 anos de carreira, criador de várias séries e como criador de várias publicações de Banda Desenhada, Will Eisner ficou especialmente conhecido pela criação da série "The Spirit", o famoso detective mascarado, criado em 2 de Junho de 1940, série que muito contribui para alicerçar a BD ao estatuto de arte adulta e maior.
Com homenagem à importância da sua obra a industria do comic criou em 1988 o Prémio Will Eisner, mais conhecido por "Eisners", o mais importante prémio a que qualquer autor da BD norte-americana espera almejar.
Um dos maiores contributos para tornar a BD uma arte levada a sério foi a criação do género chamado de "Novela Gráfica", com a edição de "Um Contrato com Deus", que reuniu 4 histórias que retratam a vida num prédio do Bronx nos anos 30.
No prefácio à reedição daquela obra em 2000, Eisner esboça uma caracterização da "novela gráfica":
"Ao contar estas histórias, tentei seguir uma regra de realismo que exige que a caricatura ou o exagero aceitem as limitações da realidade. Para conseguir atingir uma sensação de dimensão, pus de parte duas restrições básicas que tantas vezes inibe este meio - o espaço e o formato. Por isso, cada uma das histórias foi contada sem ter em conta o espaço, e cada uma delas pode desenvolver o seu próprio formato; ou seja , evoluir a partir da narração .(...) Por exemplo, em muitos caos deixei que uma página inteira se transforme em painel. O texto e os balões ficam interligados com a arte. Vejo-os a todos como fios de um tecido único e exploro-os como uma linguagem".
Foi exactamente com a edição desta histórica novela gráfica que o jornal "Público" iniciou na passada semana uma nova colecção dedicada à BD, neste caso à chamada "Novela Gráfica".
"Um Contrato com Deus" reine quatro histórias que têm em comum o facto de se desenrolarem no nº 55 da Avenida Dropsie, no Bronx da sua infância: "Um Contrato com Deus"(que dá título à obra); "O Cantor de Rua"; "O Zelador"; e Cookalein".
Segundo o autor, todas essas histórias baseiam-se na "corrente infindável de acontecimentos tão típicos da vida na cidade", algumas verdadeiras e outras que "poderiam ser verdadeiras":
"Neste livro, tentei criar uma narrativa que trata de temas íntimos. Nestas quatro histórias, passadas no edifico de apartamentos, tentei recorrer às memórias que tenho das minhas experiências e das dos meus contemporâneos. Tentei contar como era aquele canto da América, que ainda precisa de ser revisitado".
Por coincidência ou não, está a decorrer esta semana nos Estados Unidos, até 7 de Março, o Will Eisner Week, dedicada à Novela Gráfica.
A página oficial da obra de Will Eisner AQUI.
A próxima edição do jornal Público dedicada à novela gráfica, vai ser a edição, na próxima 5ª feira, de "A Louca do Sacré-Coeur" de Jodorowsky & Moebius, dois dos nomes mais importantes da BD franco-belga.
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